Repercussão sobre política de extermínio de opositores comandada pelos generais ditadores serve para encobrir a participação efetiva de Roberto Marinho junto aos militares na derrubada da democracia.
A Rede Globo vem dando ampla cobertura às recentes revelações que dão conta que o ex-presidente general Ernesto Geisel não só sabia da política de eliminação de opositores políticos da ditadura, como deu aval para que os assassinatos tivessem prosseguimento durante o seu governo. No entanto, documentos do Departamento de Estado norte-americano revelados há mais de três anos também mostraram que Roberto Marinho, fundador da emissora, foi um dos principais articuladores do regime liderado pelos militares, que durou 21 anos e deixou oficialmente 434 mortos e desaparecidos, além de milhares de torturados.
O comentarista político do Seu Jornal, da TVT, José Lopez Feijóo lembra que Marinho “era assíduo frequentador da roda de decisões dos ditadores generais, influindo inclusive na nomeação de ministros da Justiça e na sucessão dos generais” no comando da República usurpada.
Telegrama do embaixador norte-americano no Brasil durante a ditadura civil-militar, Lincoln Gordon, relata que Marinho estava “trabalhando silenciosamente” junto a um grupo composto, entre outras lideranças, pelo general Ernesto Geisel, chefe da Casa Militar; o general Golbery do Couto e Silva, chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI); Luis Vianna, chefe da Casa Civil, pela prorrogação ou renovação do mandato do ditador Castelo Branco. Na ocasião, o dono da Globo também sondou a disposição de trazer o então embaixador em Washington, Juracy Magalhães, para ser ministro da Justiça.
“Quando a ditadura terminou, demorou muito tempo para a Rede Globo produzir um editorial dizendo que errou (por apoiar o golpe). Mas a verdade é que até hoje não pagou pelos seus crimes. Porque, sim, também é de responsabilidade dela as mortes que ocorreram daqueles que não concordavam com o regime”, diz Feijóo.
O analista afirma ainda que a Rede Globo “não se emendou”, pois, apesar de pedir desculpas pelo apoio editorial à ditadura, voltou a apoiar novamente um golpe, agora contra a presidenta Dilma Rousseff. “É a principal articuladora do golpe de 2016, é a sua fiadora pública, e é a principal arma e instrumento de pressão sobre juízes, sobre o Ministério Público, na tentativa de formação de opinião para garantir e manter o estado de exceção em que nós estamos vivendo.”
// Fonte: Rede Brasil Atual