Evento será realizado entre os dias 17 e 22, em Brasília, como contraponto ao Fórum Mundial da Água
O Fórum Alternativo Mundial da Água(Fama) quer debater e mobilizar a sociedade em torno da defesa da água como um direto e não como mercadoria. O evento, que será realizado entre os próximos dias 17 e 22, é um contraponto ao Fórum Mundial da Água.
Gilberto Cervinski, da coordenação nacional do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), explica que a necessidade de criar um evento alternativo se dá pelo fato do fórum tradicional ser apoiado por governos e empresas que defendem a privatização. “Eles vão reunir empresas, bancos e o conjunto de especuladores que querem privatizar, além do serviço de saneamento, também os rios e aquíferos. Esse fórum acontece no Brasil porque é o maior território com água doce do mundo”, critica em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual.
De acordo com ele, entre os temas que serão debatidos no Fama está a contextualização da ofensiva do capital para a privatização do bem natural. Segundo o MAB, com a crise, o capitalismo tenta criar um grande mercado da água mundial.
“Ao estabelecer a propriedade privada sobre a água, ela passar a ser dominada pelas grandes empresas, criando um grande mercado mundial. Isso é uma das alternativas que eles encontram para acumular mais riqueza durante a crise”, afirma Cervinski.
A partir deste ponto, ele destaca a importância de mobilizar a população por meio do debate. “Um dos pontos do evento será discutir qual será o projeto dos trabalhadores para a questão da água, sobre seu domínio, acesso, qualidade e tarifas. Ali será um espaço para articulação de luta.”
Gilberto explica que o maior consumidor de água no mundo é o agronegócio e cita um exemplo de como este uso se torna prejudicial para o meio ambiente. “Eles consomem muito porque têm uma irrigação em grandes áreas. Hoje, o agronegócio tem cerda de 6 milhões de hectares de produção agrícola irrigada. Recentemente, na cidade de Correntina, na Bahia, uma região de nascente do Rio São Francisco, empresas se apropriaram dos rios e secaram tudo. Agora, a população não tem mais água”, lamenta.