Média anual de desempregados dobrou em três anos, após 2017 registrar maior taxa da série histórica. Em 12 meses, país criou vagas, mas nenhuma com carteira assinada
A “recuperação” anunciada pelo governo para o mercado de trabalho em 2017 ocorreu por meio do emprego informal, caracterizado por insegurança e menor remuneração. No trimestre encerrado em dezembro, a taxa média de desemprego foi de 11,8% (12,3 milhões de desempregados), estável em relação igual período do ano anterior (12%), de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C), divulgada hoje (31) pelo IBGE. São 1,8 milhão de ocupações a mais em 12 meses – nenhuma com carteira assinada. Já a média do ano registrou a maior taxa de desemprego da série histórica, iniciada em 2012: 12,7%.
Consideradas as médias anuais, o país fechou 2017 com 13,2 milhões de desempregados, quase 6,5 milhões a mais em relação a 2014, crescimento de 96,2%. A taxa de desemprego passou de 6,8% para 12,7%. O número de trabalhadores com carteira assinada caiu, nesse período, de 36,6 milhões para 33,3 milhões, ou menos 3,3 milhões. Apenas no ano passado, a perda foi de quase 1 milhão de vagas formais.
Segundo o instituto, as atividades que mais perderam empregos nestes três anos foram agricultura (-10,4%), indústria (-11,5%) e construção (-12,3%). “Parte desses postos foi compensada em grupamentos que têm um processo de inserção mais voltado para a informalidade, como comércio, outros serviços e alojamento e alimentação”, analisa o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.
Em relação a dezembro de 2016, a ocupação cresceu 2%, o correspondente a um acréscimo de 1,846 milhão de postos de trabalho. Mas o emprego com carteira caiu também 2%, fechando 685 mil vagas. O emprego com carteira aumentou 5,7% (mais 598 mil) e o trabalho por conta própria subiu 4,8%, com mais 1,070 milhão. Os dados mostram que o aumento da ocupação no ano passado se deu pela informalidade.
O rendimento médio (R$ 2.154) no último trimestre do ano passado ficou estável em relação tanto ao período imediatamente anterior como a 2016, de acordo com o IBGE. A média anual mostra rendimento de R$ 2.141, com alta de 2,4% sobre 2016 e estabilidade na comparação com 2014.
“Além da inflação baixa registrada em 2017, a saída de pessoas com rendimentos mais baixos deveria elevar a média do rendimento, mas, como também houve queda entre as populações que ganham mais, o rendimento em 2017 ficou no mesmo patamar do de 2014”, diz Cimar Azeredo.