| Por assessoria de comunicação
No dia 4 de junho de 2004 Jair Correia da Silva começou a trabalhar no Senac como técnico operacional. Em 4 de setembro de 2013 ele foi demitido. O motivo, segundo o gerente de manutenção do Senac, foi uma reforma no setor. Mas, segundo Jair, o motivo real foi perseguição pessoal, “pois constantemente o gerente desrespeita todo mundo, cometendo assédio e perseguição”. Ele informa que está previsto mais demissões.
Dois dias antes (02/9) o encarregado do setor de manutenção, Ricardo Henrique de Macedo, tinha sido demitido do Senac três meses após voltar de licença médica. Mais uma vítima do assédio moral que se repete cada vez mais no Senac/RN (Leia matéria na página 2).
DEMISSÃO ANUNCIADA
“Fiquei praticamente um ano afastado do Senac por motivo de licença médica. Mesmo antes de voltar da licença o gerente chegou a afirmar que eu seria afastado do meu cargo e, quem sabe, da manutenção”, afirmou Ricardo.
O relato de Ricardo Henrique de Macedo é apenas uma das inúmeras práticas de assédio moral e perseguição denunciadas pelo ex-funcionário do Senac. Ele afirma que o gerente já anunciava que iria trocar a equipe toda e botar gente dele. “Disse a mim que a equipe de manutenção não escapava nenhum. Isto porque tinha poderes dado a ele, que por sua vez tinha o aval do diretor”.
Antes de ser funcionário, o atual gerente de manutenção do Senac já trabalhava na instituição, terceirizando os mesmos serviços que continua fazendo através da sua empresa.
Ricardo relata ainda que o atual gerente do setor de manutenção é conhecido como uma pessoa muito instável, que não sabe tratar as situações. Sempre se exalta, destrata.
“Questionei o gerente por conta de um serviço que ele queria que eu fizesse na Jundiaí. Queria que eu fosse abrir o prédio do Senac e acompanhar um serviço de refrigeração. Para que tem um porteiro no Senac? Eu não vou abrir prédio por que isso não é atribuição minha. Ele não aceitou de jeito nenhum”.
“Eu reclamei ainda pelo fato de ter voltado há mais de um mês e não havia nada delegado a mim. Enquanto isso, ele contratou a empresa pessoal dele para terceirizar serviços de pintura e elétrica que a nossa manutenção faria e faz até hoje. Quando questionei ele exaltou-se”. De acordo com Ricardo, o gerente passou a boicotar a colaboração do setor de manutenção, chegando a deixar o pessoal sem diária, que teve que bancar por conta própria despesas que seriam pagas pelo Senac.
A demissão do funcionário foi a fórmula encontrada pelo gerente para resolver sua rixa pessoal e expor seu poder superior. Uma situação de abuso e prática de Assédio Moral nas relações do trabalho.
O procurador do trabalho Ricardo José Mercês Carneiro, da Procuradoria Regional do Trabalho da 20ª região, aponta que as vítimas preferenciais do assédio moral são os empregados com estabilidade, os trabalha-dores afastados por licença médica, os portadores de LER (Lesão por Esforço Repetitivo), e as mulheres. “Frequentemente o assédio se inicia quando uma vítima reage ao autoritarismo de um chefe, ou se recusa a deixar-se subjugar. É sua capacidade de resistir à autoridade, apesar das pressões, que leva a tornar-se um alvo”, afirma o procurador.
Retirar a autonomia do trabalhador e o trabalho que normalmente lhe competia, ignorar a sua presença, humilhar, falar com o empregado aos gritos e espalhar rumores a seu respeito, essas são apenas algumas formas de expressar o assédio moral das quais Ricardo foi vítima.