Renda é usada, por exemplo, para compra de alimentos e pagamento do aluguel: “não é muito, mas ajuda”, diz diarista
Os R$ 204 que dona Leonilda Dantas recebia do Estado garantiam o mínimo para o sustento da sua família. “Não é muito, mas ajuda”, diz. Sem emprego fixo, a diarista, de 42 anos, usava o benefício de programas sociais para comprar alimentos.
Há alguns meses, os R$ 80 do Programa Renda Cidadã, do governo do estado de São Paulo, foi cortado e Leonilda está “preocupada com o possível corte do Bolsa Família também”. Ela recebe R$ 124 do programa do governo federal.
A preocupação da diarista tem fundamento. Entre junho e julho deste ano, o governo do presidente golpista, Michel Temer (PMDB), cortou de sua lista cerca de 543 mil beneficiários do Bolsa Família. Foi o maior corte da história do programa desde sua criação.
Marcio Pochmann, economista e professor da Universidade de Campinas (Unicamp), acredita que esses cortes não são razoáveis neste momento em que não há expansão econômica ou pleno emprego para todos.
No início do ano, o Banco Mundial estimou que o Brasil pode ter 3,6 milhões de “novos pobres” em 2017 e, por essa razão, recomendou que o Programa Bolsa Família fosse ampliado e não reduzido como ocorre hoje. Assim como Porchamm, a entidade ligada à Organização das Nações Unidas aponta que a recessão econômica e o aumento do desemprego no Brasil a partir de 2015 são os principais fatores para que o país aumente a proporção de pobres, que é hoje de 8,7% da população.
Esse é o caso de Danilo Vinicius, de 27 anos, que trabalha como auxiliar de limpeza e está desempregado desde outubro de 2016.
Mesmo em um dia frio e chuvoso na cidade de São Paulo, ele acordou cedo e foi até o CRAS, que é o Centro de Referência de Assistência Social, para se cadastrar no Bolsa Família. “Eu vim me cadastrar para conseguir um Bolsa-Familia”, conta. Com o benefício, ele pagaria o aluguel: “eu estou quase indo para a rua”, desabafa o jovem, que conta estar sofrendo de depressão pelo desemprego.
Dados de julho divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento Social mostram que cerca de 143 mil famílias voltaram a fazer parte do Programa Bolsa Família até o final do mês de junho. Este número seria ainda bem maior se a fila de espera na qual Danilo agora está fosse atendida, pois há aproximadamente 525 mil famílias cadastradas.
Até hoje, com 14 anos de existência, o Bolsa Família ajudou a manter 36 milhões de pessoas fora da linha da extrema pobreza e se tornou referência mundial no combate à fome.
Procurada, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de São Paulo afirmou que não está ocorrendo corte no programa Renda Cidadã. Além disso, afirma que novas famílias estão sendo incluídas no Renda Cidadã por meio do cadastro no CadÚnico.
As reduções no programa Bolsa Família vêm sendo feitas de maneira sistemática desde que Temer assumiu. À época, ele informou que todos os meses seria realizada uma operação pente-fino entre os usuários do Bolsa Família.
Fonte: Brasil de Fato