São 15 milhões de pessoas desempregadas no país. Elas têm rosto, nome, fome! Suas contas de água e energia devem estar atrasadas. Aluguéis sem pagamento.
Despejo à vista. Assistem pela TV um presidente dizer que o “pior já passou”, mas não veem o pior passando da sua vida. Veem, isso sim, um Congresso Nacional que vota como se estivesse num balcão de negócios. E as urgências da vida batendo em suas portas! Seus filhos precisando de agasalhos. Belo Horizonte enfrenta um dos piores invernos dos últimos 40 anos. Devem andar quilômetros para economizarem o dinheiro da passagem ou por simplesmente não terem como pagar. A possibilidade de fazer um curso técnico ou tentar uma vaga na universidade foi adiada (ou cancelada) pela urgência da sobrevivência. É diante de realidades assim que as pessoas vão para as ruas venderem de frutas a meias; de chocolates a sutiã, balas, entre outras mercadorias.
“As pessoas não somem quando seus empregos desaparecem. É preciso sobreviver!”
Essas pessoas entenderam que este governo não fará política para gerar emprego. Então é preciso não morrer de fome ou de outras necessidades. As ruas de Belo Horizonte voltaram a ter trabalhadores que foram expulsos do mercado formal de trabalho. Somente na indústria mineira perdemos, entre 2014 e 2017, 179 mil postos de trabalho. O setor moveleiro está sendo destruído. A construção civil perdeu 109 mil postos. Para onde todas essas pessoas vão? Queremos que elas façam o quê? As pessoas não somem quando seus empregos desaparecem. É preciso sobreviver! Não vão para as ruas venderem o que conseguem por opção, mas, por sobrevivência.
Nem sabemos mais a evolução do desemprego e emprego em Belo Horizonte e Região Metropolitana uma vez que o Governo Antonio Anastasia (PSDB) cancelou o convênio com o Dieese que fazia este acompanhamento e o atual governo do Estado, vergonhosamente, não retomou a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego). Nem temos os dados necessários para sabermos de fato de quantos milhares estamos falando. Mas sabemos estes milhares existem e que estão sendo atacados pelo Estado e pela Prefeitura de Belo Horizonte para uma higienização do centro da cidade.
A semana, na capital mineira, começou com uma forte operação da Prefeitura para retirar das ruas os trabalhadores e as trabalhadoras que são chamados de ambulantes. A ação contou com o apoio repressivo da Polícia Militar, que utilizou bombas, Batalhão de Choque e o Caveirão. O discurso da Prefeitura é que na cidade não haverá lugar para “contrabandistas e ladrões”, criminalizando as pessoas e tentando com isso afastar a população deste debate. Eles e elas estão resistindo.
Sabemos que, em tempos de crise, o desemprego é maior entre as mulheres e os jovens. As portas da Câmara Municipal foram fechadas quando eles, em marcha, chegaram lá. Poucos foram os vereadores e as vereadoras que os escutaram. Não sei seus nomes, se têm líderes, mas não importa. Importa que resistam. E que não fiquem sozinhos! Estes são trabalhadores invisibilizados, não são filiados a nenhum sindicato, passamos por eles todos os dias quando transitamos na cidade, comprando ou recusando o que oferecem. A higienização tem sido uma política adotada em várias administrações. Preferem expulsar a discutirem políticas de reinserção no mercado de trabalho.
É isso que o Papa Francisco alertava ao denunciar a situação de camponeses, famílias e trabalhadores, lançando o desafio para uma sociedade justa: “nenhuma família sem teto, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem trabalho”. É por isso que precisamos continuar lutando!
Fonte: Brasil de Fato