A retração da atividade econômica, o aumento das taxas de juros, a falta de confiança e a queda do dólar levam à redução do saldo do crédito no país. De acordo com dados do Banco Central (BC), divulgados hoje (27), o saldo de todas as operações de crédito concedido pelos bancos caiu 0,5%, em junho e 2,8%, no ano.
No mês passado, o saldo ficou em R$ 3,130 trilhões. O valor corresponde a 51,9% de tudo o que o país produziu – Produto Interno Bruto (PIB) – ante o percentual de 52,5% registrado em maio deste ano.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, famílias e empresas estão evitando se comprometer com empréstimos, devido à redução da renda gerada pela retração da atividade econômica. Outro fator é o aumento do custo do crédito. Maciel também citou a queda do dólar de cerca de 18%, no primeiro semestre. A cotação da moeda tem influência sobre empréstimos vinculados ao dólar, como modalidades de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Apesar da retração do crédito no primeiro semestre, Maciel disse que a estimativa do BC de crescimento do saldo dos empréstimos de 1% este ano deve ser alcançada, devido à expectativa de dados melhores do segundo semestre deste ano. Segundo ele, isso vai acontecer porque o crédito no segundo semestre de 2015 “foi fraco”. Então, quando for feita a comparação do segundo semestre deste ano com o mesmo período do ano passado, deve haver crescimento. Ele citou ainda que em 12 meses, encerrados em junho, o crédito já cresce 1%.
Inadimplência
A inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90 dias, para pessoas físicas caiu 0,2 ponto percentual, de maio para junho, quando ficou em 6,1%. A taxa de inadimplência das empresas também caiu 0,2 ponto percentual e ficou em 5,1%.
Segundo Maciel, em junho, foi interrompida a trajetória de alta da inadimplência, devido principalmente à renegociação de dívidas das famílias. Para Maciel, apesar dessa redução ser um “bom sinal”, ainda é preciso observar os próximos meses para ver se há uma mudança de tendência. “Ainda é prematuro dizer que houve mudança de tendência da inadimplência. É preciso observar esse movimento”, disse. Maciel acrescentou que o mercado de trabalho ainda registra desemprego em alta. “E isso tende a influenciar a inadimplência”, acrescentou.
Em junho, o saldo do crédito renegociado chegou a R$ 28,902 bilhões, com alta de 1,6% no mês e 7%, no ano.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br