Golpistas estão de olho nos benefícios dos aposentados

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Por carta ou telefone, aumentam golpes em aposentados envolvendo revisão de benefícios

Com a aproximação do final do ano e com o pagamento da segunda parcela do 13º, que começa no dia 25 de novembro para aposentados e pensionistas, os estelionatários começam a arquitetar seus planos para aplicarem golpes em segurados do INSS.

Só o Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindinapi) da Força Sindical, que tem subsede em Santos, recebeu mais de 30 cartas que foram enviadas aos associados nos últimos dias.

A Previdência Social alerta a população para se precaverem de estelionatários que tentam aplicar golpes por meio de contatos telefônicos em vários estados. Já, os sindicalistas, alertam para as cartas falsas, que mencionam valores atrasados que não existem, só para finalizar golpes contra aposentados e pensionistas.

Em relação aos golpes pelo telefone, esse tipo de fraude não é recente, mas ultimamente sua incidência tem chamado a atenção. A Ouvidoria Geral da Previdência diz que, nesses casos, o segurado não deve fornecer nenhum dado, não fazer nenhum depósito solicitado pelos estelionatários e entrar em contato com a Polícia Civil com urgência.

Segundo os relatos recentes, os estelionatários ligam de um telefone fixo de Brasília e se identificam como funcionários do Conselho Nacional de Previdência Social. De posse dos dados do cidadão, afirmam que ele possui uma quantia a receber do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), referente a valores atrasados de seu benefício.

Depósito

Geralmente uma quantia alta, proveniente de uma dívida antiga do instituto que estava bloqueada na Justiça. A partir daí acontece a tentativa de extorsão.

Os fraudadores informam que, para que montante seja liberado, o beneficiário deve fazer um depósito em uma conta corrente por eles informada, com urgência. Caso contrário, o cidadão corre o risco de perder o direito de receber o dinheiro.

Em episódio recente, denunciado à Ouvidoria, uma aposentada de Brasília recebeu a ligação de uma pessoa que se identificou como um suposto funcionário do Conselho Nacional de Previdência Social. Afirmando que a beneficiária tinha uma soma de R$ 23 mil a receber do INSS, o sujeito solicitou que a senhora depositasse a quantia de R$ 463 numa conta corrente.

Neste episódio, o valor cobrado pelo fraudador foi relativamente baixo. Mas já foram relatados casos em que os criminosos solicitavam depósitos de até 10% da suposta quantia a que, segundo eles, o aposentado ou pensionista tinha direito.

É importante que os beneficiários do INSS fiquem atentos e não confiem em pessoas que prometem apressar andamento de processos previdenciários, liberar valores atrasados, vender produtos, entre outras facilidades. Os estelionatários sempre se utilizam desse tipo de argumento para enganar as pessoas.

Para não cair em golpe, segurado deve buscar informações em seu sindicato

“Falsas entidades, inclusive com escritórios instalados, vem se alastrando em algumas cidades ou regiões do País, visando sempre dar golpes em aposentados e pensionistas. E nessa época, quando está chegando o final de ano, a coisa piora”, diz Herbert Passos Filho, diretor da Força Sindical na Baixada Santista e responsável pelo Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical (Sindnapi) em Santos.

Ele diz que a promessa de dinheiro fácil chega na residência via correios. Por meio de cartas, essas entidades informam que o aposentado e o pensionista possuem altos valores a serem recebidos e que poderão melhorar os rendimentos mensais de sua aposentadoria.

“Importante ressaltar que existem muitas revisões de aposentadoria, mas nem todos os beneficiários se enquadram no perfil de quem pode requerer o direito”, menciona Passos. Ele diz que o Sindinapi recebeu dezenas de cartas, só nos últimos dias, enviadas por segurados do INSS de várias partes do Estado, que foram buscar orientação sobre o assunto. “Todos deveriam agir desta forma, procurando os sindicatos de aposentados ou as entidades sindicais às quais estão filiados, que estão aptas a esclarecerem e detectarem o golpe antes da consumação”.

Ele diz que do jeito que a carta é redigida, parece que a pessoa já possui esse direito, bastando apenas entrar com a ação, esperar um tempo e sacar o dinheiro.

As mensagens das cartas são elaboradas com artimanha, no sentido de induzir à decisão precipitada e imediatista. Além dos altos valores divulgados, pelas cartas as entidades também estipulam um prazo de 48 horas para a pessoa apresentar os documentos e ingressar com a ação.

Neste ponto que começa a dor de cabeça. O aposentado separa os documentos, vai à associação e, mesmo ele não tendo direito à revisão, são cobrados valores de que vão de R$ 500 a R$ 10.000 pelo serviço jurídico que, em realidade, não vai resultar em nada.

O Sindinapi alerta que há também casos de associações que não cobram pelos serviços jurídicos, mas, por outro lado, vinculam o aposentados à entidade e, desta forma ganham até mais, uma vez que poderão cobrar novas taxas todos os anos.

O sindicalista explica que os golpistas agem de muitas maneiras para ludibriar o aposentado. “São pessoas idosas, algumas possuem esperança em receber ações já impetradas na justiça, e acabam caindo nos golpes”, conclui Herbert Passos.

Fonte: fsindical.org.br