Professores elogiam escolha e internautas se manifestam nas redes sociais
O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2015 é “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. A informação foi divulgada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), pouco depois do fechamento dos portões dos locais de prova, por meio do Twitter.
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O assunto é bastante atual e discutido intensamente nas redes sociais. No ano passado, uma campanha na internet levou mulheres do Brasil todo a publicar fotos com a frase “Não mereço ser estuprada”. Desde a semana passada, em nova mobilização virtual, milhares de mulheres vêm publicando depoimentos com a hashtag #primeiroassedio. Nesses posts, sempre carregados de emoção, elas descrevem o primeiro episódio de assédio sexual que sofreram, muitas vezes na infância.
– É um dos temas mais bem escolhidos do Enem de todos as edições. O Brasil tem histórico de violência contra a mulher. Muitos estudantes do Enem conhecem a violência contra a mulher de dentro de suas próprias casas – afirmou Cida, antes de dizer que o tema pede um posicionamento claro. – A violência contra a mulher é indefensável, os candidatos não ficarão em dúvida sobre como abordar. Além disso, recentemente, foi sancionada a lei do feminicídio. Na hora de propor intervenções, podem citar aplicação da Lei Maria da Penha, a defesa de que as escolas orientem seus alunos sobre isso.
– O tema mais uma vez dialoga com a atualidade brasileira. O exame costuma fugir de debates muito polêmicos, que ocupem muitas manchetes, mas nesta edição o critério foi claramente a relevância social. De certa forma, esse assunto já tinha aparecido na prova de Ciências Humanas, no sábado, com uma frase da Simone de Beauvoir, o que prova que a banca pretende reforçar o debate sobre a questão – elogiou o professor.
De acordo com Pinna, durante o texto, o aluno deve demonstrar senso de cidadania, com argumentos que tratem a violência de gênero como um problema cultural e legal, de amplitude nacional. Nesse sentido, o caminho mais lógico, diz ele, é a identificação das causas da violência de gênero, como a cultura do machismo, que leva à naturalização desse tipo de agressão, e a escassez relativa de punições, mesmo com legislações específicas sobre o assunto. Ele também enfatizou a importância de se abordar a Lei Maria da Penha:
– O estudante pode falar sobre a necessidade de se aplicar com maior eficácia a Lei Maria da Penha, sobre a importância da tipificação do feminicídio como crime hediondo no Código Penal e, principalmente, sobre a necessidade de uma mudança de valores, que depende principalmente da mídia e das escolas.
Segundo o coordenador de redação do Colégio pH, Marcelo Caldas, outro ponto interessante da proposta de Redação foi a presença da palavra “persistência”, que indica a importância de abordar o assunto como uma questão que arraigada na sociedade brasileira.
– A frase fala da persistência da violência contra mulher, uma questão que está muito encrustrada na realidade brasileira. É interessante fazer uma contextualização que explique como isso está espalhado na sociedade desde o comportamento masculino no vagão do metrô, até a agressão à mulher dentro de casa- afirmou.
Nas redes, internautas comemoraram a escolha do tema. O assunto causou uma onda publicações no Twitter.
Fonte: fsindical.org.br