Pesquisa da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) revela que, em 16 anos, aumentou a participação dos profissionais acima dos 40 anos de idade no mercado de trabalho do Grande ABC.
Os jovens ainda são maioria, mas, proporcionalmente, cresceram menos no período.
Entre os biênios 1998/1999 e 2013/2014, a presença dos trabalhadores com mais de 40 anos subiu 79,2%, de 301,3 mil para 539,9 mil pessoas na região. A participação desse grupo no total de empregados passou de 33,2% para 43%. Considerando faixas etárias específicas, a proporção dos profissionais entre 40 e 49 anos subiu de 20,7% para 22,9%; a de 50 a 59 anos foi de 9,2% para 14,6%; enquanto a representatividade do pessoal com mais de 60 saltou de 3,3% para 5,5% do total.
Para o economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, a explicação para o fenômeno é o fato de os empregadores estarem reconhecendo a importância dos mais velhos nas equipes de trabalho. “Quando a empresa traz profissionais acima dos 40, está economizando em treinamento, pois, geralmente, são mais qualificadas e experientes”, comenta.
Já o delegado do Corecon (Conselho Regional de Economia) no Grande ABC, Leonel Tinoco Netto, outro fator responsável pelo aumento na idade média do trabalhador na ativa são os problemas enfrentados pelos aposentados no Brasil. “A aposentadoria é ineficiente, então, os idosos retornam ao mercado, muitas vezes em atividades informais, para ajudar a incrementar o orçamento doméstico.”
Balistiero concorda que o baixo valor dos benefícios pagos pela Previdência Social contribui para que os aposentados procurem emprego. Entretanto, faz ressalvas. “Se essas pessoas estão voltando é porque as empresas estão dando oportunidade a elas, justamente por possuirem atrativos. Além da qualificação, as gerações mais velhas tendem a ter mais fidelidade à companhia. Se o empregador investe em treinamento para um jovem e, depois, ele se desliga, sofre prejuízo. Com os mais velhos isso dificilmente acontecerá”, salienta.
ESCOLARIDADE – O levantamento mostra ainda que aumentou a participação de profissionais com grau mais elevado de escolaridade no mercado de trabalho. Entre 1998 e 1999, 26,7% dos trabalhadores do Grande ABC possuíam Ensino Médio completo e/ou Superior incompleto. No biênio 2013/2014, a proporção subiu para 47,7%. Entre os portadores de diploma do Ensino Superior, o salto foi de 12,1% para 21,9%.
No mesmo período de observação, a quantidade de analfabetos e/ou pessoas com Ensino Fundamental incompleto caiu de 39,3% para 16,6%. A proporção de empregados com Fundamental completo e/ou Médio incompleto foi de 21,7% para 13,7%.
Na avaliação de Tinoco Netto, o aumento no nível de escolaridade se deve às exigências do mercado. “Com o avanço da tecnologia, aumentou a demanda por conhecimento. No início da indústria automotiva, a maior parte dos funcionários tinha apenas o Ensino Fundamental ou Médio incompleto.”
Fonte: fsindical.org.br