Custo de vida para baixa renda e aos idosos avançou acima de índice oficial

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Economistas explicam que os gastos com moradia e alimentação compõem grande parte do orçamento desses segmentos; preços, no entanto, podem se estabilizar ao longo deste ano.

Os idosos e a população de baixa renda tiveram um primeiro trimestre difícil. Isso porque o custo de vida desses dois segmentos avançou acima da inflação do período.

No entanto, economistas avaliam que os preços a essa população podem se estabilizar ao longo deste ano.

Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o primeiro trimestre com alta de 8,13% em doze meses, o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i), por exemplo, acumulou variação de 8,56%. Já o Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1) registra taxa de 8,91%, nos três primeiros meses do ano. Os dois últimos indicadores são divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Para o professor de economia da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Celso Grisi, é natural que essas duas classes tenham sentido mais a alta de preços no início do ano, já que os gastos com habitação aumentaram significativamente, puxados pelas tarifas de energia elétrica. Grisi explica que as despesas com moradia compõe cerca de 32% da renda mensal dos idosos e das pessoas de baixa renda.

“As faixas mais pobres acabam sendo mais afetadas nesse cenário de elevação de preços, já que têm mais dificuldades financeiras. Os idosos que dependem da aposentadoria também têm despesas mais pesadas”, diz o professor da Fipecafi.

As tarifas de energia subiram em 35,11% no IPC-3i, no primeiro trimestre. No IPC-C1, a alta do item foi de 21,13%, somente em março deste ano.

Alimentos

A alimentação também tem um peso relevante no orçamento da população mais pobre e dos idosos. Segundo Grisi, os gastos com esse item compõem cerca de 25% da renda deles. “Os alimentos e a habitação, portanto, representam mais de 50% do orçamento desses segmentos”, afirma.

O professor do MBA de finanças do Insper, Otto Nogami, diz que, para os idosos com ganhos de até oito salários mínimos, a alimentação tem um peso ainda maior: de 33,3%. Já para aqueles com renda maior que oito salários mínimos essa participação cai para 22,4%, informa Nogami, ao desagregar o IPC-3i da FGV. No índice geral ao consumidor da fundação (IPC), a participação dos alimentos é de 28%.

“Isso mostra que há uma diferença significativa nos hábitos de consumo dessas duas categorias: o idoso de baixa renda fica mais tempo em casa do que aqueles com maior poder aquisitivo. E, por isso, acabam gastando mais com a alimentação e energia”, afirma o professor do Insper.

Os especialistas lembram que os gastos com saúde também pesam para essas faixas sociais. No IPC-3i, por exemplo, as despesas com planos e seguros de saúde também exerceram pressão positiva no indicador, variando 2,12%, no primeiro trimestre deste ano.

No IPCA, os planos de saúde acumulam, em doze meses, alta de 9,59%, serviços médicos e dentários (9,18%), serviços laboratoriais e hospitalares (7,66%), medicamentos (4,8%).

Para Grisi, a situação deve continuar desfavorável a essas faixas populacionais, devido à redução dos ganhos reais e da tendência de desaquecimento do mercado de trabalho.

No entanto, afirma que o preço dos aluguéis e de alguns alimentos pode se desaquecer e, dessa forma, aliviar o bolso da população mais pobre e dos idosos. “No curto prazo, contudo, a situação não é favorável”, finaliza Grisi.

// Fonte: Força Sindical