Almoçar fora de casa sai pelo menos cinco vezes mais caro

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Os gastos de uma família que almoça em restaurante todos os dias são pelo menos cinco vezes mais altos do que os de outra que come em casa diariamente.

Isso é o que aponta cruzamento de dados realizado pelo Diário, com base em informações de pesquisa encomendada pela Assert (Associação das Empresas de Refeição e Convênio para o Trabalhador) e do levantamento realizado pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André).

Entre os fatores responsáveis pela elevação do preço nos estabelecimentos destacam-se os custos com transporte e conservação adequada dos alimentos, os impostos inerentes à atividade comercial, os encargos trabalhistas e, claro, o lucro do proprietário.

Estudo da Assert mostra que o preço médio da refeição mínima (prato comercial com fruta de sobremesa) em São Bernardo, Santo André, São Caetano e Diadema é de R$ 17,98. O levantamento foi feito pelo instituto Datafolha, no horário do almoço, em restaurantes que aceitem tíquetes de refeição. Se uma família de quatro pessoas almoçar fora diariamente, irá gastar pelo menos R$ 71,92, ou R$ 2.157,60 durante os 30 dias do mês.

Enquanto isso, os itens básicos para alimentar uma família com o mesmo número de integrantes durante 30 dias demandam cerca de R$ 440, segundo o último levantamento da Craisa, que não inclui bebidas, e descontados os gastos com produtos de limpeza. Esse valor, dividido pela quantidade de dias do mês, dá R$ 14,66 diários – ou R$ 3,66 por pessoa.

Se o cliente optar por outros tipos de estabelecimentos, os gastos serão ainda mais elevados. Nos restaurantes self-service do Grande ABC, cada consumidor paga, em média, R$ 23,17 por refeição, incluindo bebida, sobremesa e café. Entre os pratos executivos, a média é de R$ 31,31 em São Bernardo – único município da região incluído na pesquisa nessa categoria. No serviço à la carte, o valor médio por pessoa é de R$ 55,33 em Santo André e São Bernardo.

Coordenador da pesquisa da cesta básica da Craisa, o engenheiro agrônomo Fábio Vezzá De Benedetto explica que, a cada etapa da cadeia de alimentos, a mercadoria ganha valor agregado. “Quando a carga é distribuída aos restaurantes, os custos vão sendo incorporados ao preço final. Depois, o comerciante tem gastos com a operação do estabelecimento, e isso também contribui para o aumento.”

Nesse processo, acrescenta Benedetto, perde-se a base de comparação entre alimentos apresentados de forma diferente. Ele cita como exemplo a batata. Enquanto o produto in natura é encontrado a R$ 2,74 o quilo, porção com 500 gramas de fritas chega perto de R$ 20 em lanchonetes da região.

O presidente da Assert, Artur Almeida, informa que os gastos com refeição demandam cerca de 30% da renda mensal dos trabalhadores com rendimento de até cinco salários mínimos (R$ 3.940). Quanto menor a renda, maior é o desembolso com alimentos, que são priorizados.

Segundo Almeida, o valor médio do tíquete-refeição no Brasil é de R$ 13. “Os vouchers permitem que o consumidor tenha liberdade para escolher o restaurante, inclusive aquele que oferece opções mais saudáveis.” No entanto, nem sempre o valor é suficiente para cobrir a alimentação fora de casa.

Desembolsos nos restaurantes em Diadema são menores

Entre as quatro cidades do Grande ABC que participaram do levantamento da Assert (Associação das Empresas de Refeição e Convênio para o Trabalhador) sobre o preço médio dos restaurantes, Diadema oferece a refeição mínima, considerada a mais básica (composta por prato comercial com fruta de sobremesa) e, portanto, mais barata: R$ 16,44, em média.

Na outra ponta, o almoço com as mesmas características em São Bernardo é o mais caro da região, com preço médio de R$ 20,01. Em Santo André, a média é de R$ 17,18, enquanto em São Caetano é de R$ 18,29. A média nacional para esse tipo de refeição é de R$ 19,62 e, no Sudeste, R$ 19,90.

Considerando a média ponderada entre todos os tipos de serviço (comercial, self-service, executivo e à la carte), todos incluindo bebida, sobremesa e café, Diadema ainda é a que oferece opções mais baratas (R$ 22,18), seguida por Santo André (R$ 22,52), São Caetano (R$ 22,99) e São Bernardo (R$ 25,72).

A média geral no Brasil é de R$ 27,36 e, na região Sudeste, é bem semelhante, de R$ 27,76. Para chegar a esse valor, cada sistema recebeu um peso de acordo com a presença de cada tipo de estabelecimento encontrado em cada cidade avaliada, sendo 55% para self-service, 37% para comercial, 6% para à la carte e 2% para executivo.

// Fonte: Força Sindical