Dados são de relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Inca, que alerta para as consequências à saúde, como o câncer
O consumo de agrotóxicos no Brasil saltou de 2 bilhões de dólares para mais de 7 bilhões entre 2001 e 2008, alcançando valores recordes de 8,5 bilhões de dólares em 2011. Em 2009, o país se tornou o maior consumidor mundial de agrotóxico, com mais de um milhão de toneladas, o que equivale a um consumo médio de 5,2 kg de veneno agrícola por habitante. Os dados são de um relatório lançado nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Segundo o texto, o uso de sementes transgênicas foi um dos responsáveis por essa realidade, já que os transgênicos exigem grande quantidade de agrotóxicos em sua produção.
— Não há dúvida que são venenos que atuam a nível molecular nas células, embora ainda tenhamos que conhecer melhor suas consequências — afirmou Cláudio Noronha, chefe de prevenção e vigilância do Inca. — Exposições ambientais a agentes químicos, físicos ou biológicos são o principal fator que leva ao câncer. E o Inca tem compromisso com esta questão.
Segundo a biomédica do Inca, Marcia Scarpa, da unidade técnica de exposição ocupacional e ambiental, há dois tipos de intoxicação pelo agrotóxico: agudo, ligado a sintomas logo após o contato, como irritação da pele e olhos, coceira, cólicas, vômitos, diarreia, espasmos, dificuldades respiratórias e convulsões; e a intoxicação crônica, que ocorre quando o indivíduo é exposto a pequenas quantidades por longos períodos. Nesse caso há “uma infinidade de efeitos”, diz Marcia, como redução do sistema imunológico, desregulação endócrina e prejuízdos ao sistema nervoso central. Nesse caso está o câncer.
— Existe uma subnotificção de casos de intoxicação aguda. O efeito pode ser confundido com outros problemas como viroses — acrecenta Marcia, destacando que a média de subnotificção é de 1 notificado para cada 50 não notificados.
A agricultora Maria de Fátima Silva, de Andrades, em Teresópolis, usa defensivo agrícola sem proteção desde criança. Hoje aos 54 anos, ela não enxerga os males, mas reclama de dores nas costas e no coração. Já o produtor de alimentos orgânicos, Alcimar Espírito Santo diz que hoje são poucos os agricultores que enxergam os agrotóxicos como solução.
— Eles querem se ver livres disso. Vem crescendo o número de pessoas se convertendo aos orgânicos. E quem começa, não volta — comenta, admitindo que não é fácil fazer esta transição. — A gente deve buscar libertar o agricultor familiar que está aprisionado a este modelo de produção.
// Fonte: Força Sindical