Taxa é a maior para o mês desde 2011; em janeiro, indicador atingiu 5,3%.
Rendimento dos trabalhadores caiu pela 1ª vez desde outubro de 2011.
O desemprego no país segue em alta no início do ano e registra, pela primeira vez desde 2011, queda no rendimento dos trabalhadores.
Em fevereiro, a taxa de desocupação ficou em 5,9%, a maior, considerando o mês, desde 2011. Em janeiro de 2015, o índice havia atingido 5,3% e em fevereiro de 2014, 5,1%.
“Esse crescimento da taxa [de desemprego] está relacionado ao crescimento da procura, da população desocupada, e paralelamente de uma redução da ocupação. Você tem os dois movimentos agindo simultaneamente: redução da ocupação e crescimento da procura por trabalho”, analisou Adriana Beringuy, da coordenação de rendimento e trabalho do IBGE.
Os números foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (26). A pesquisa é realizada nas regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.
A população desocupada cresceu 10,2% em relação a janeiro e somou 1,4 milhão de pessoas. Na comparação com fevereiro do ano passado, a alta foi de 14,1%.
Por outro lado, a população ocupada chegou a 22,8 milhões em fevereiro, registrando queda de 1,0% frente a janeiro e estabilidade na comparação com fevereiro de 2014. A população não economicamente ativa bateu 19,4 milhões de pessoas – estável sobre janeiro e 2,3% maior que no segundo mês do ano passado.
Segundo Adriana Beringuy, a população não economicamente ativa “reverteu o comportamento” observado em janeiro de 2015, o que pode, segundo a especialista, ter influenciado o aumento da taxa de desocupação em fevereiro.
“De fato reverteu o movimento de janeiro, agora em fevereiro, voltou a crescer [0,4% na comparação com janeiro], mas de uma maneira mais discreta. O que pode indicar um movimento de pessoas indo em direção à desocupação e uma maior pressão ao mercado de trabalho. Provavelmente ela deve estar procurando trabalho”, explicou.
No setor privado, o número de trabalhadores com carteira assinada ficou estável tanto na comparação com janeiro quanto com fevereiro de 2014, em 11,6 milhões.
O nível da ocupação foi estimado em 52,3% – taxa 0,5 ponto percentual inferior a janeiro e 1 ponto percentual abaixo da de fevereiro do ano anterior.
Rendimento menor
O rendimento médio real dos ocupados ficou em R$ 2.163,20. Na comparação com janeiro, a queda foi de 1,4%, a primeira, nessa base de comparação, desde outubro de 2011. Frente a fevereiro do ano passado, o indicador recuou 0,5%. Segundo o IBGE, essa é a maior baixa desde maio de 2005.
“De fato, não acontecia uma retração do rendimento na comparação anual. Nesses dois últimos meses, a gente viu um crescimento do indicador de inflação. Como a gente está analisando o rendimento médio real, houve, de fato, uma retração em função da inflação. Ainda que, em termos nominais, agora em fevereiro de 2015, se a gente compara o rendimento atual com janeiro, o nominal também apresentou uma queda, que foi de 0,3%”, afirmou Adriana.
“No mês não, no mês o rendimento pode variar bastante. Mas no ano, de fato há muito tempo não havia esse comportamento de retração.”
Quando são analisados os dados sobre tipos de atividades onde as pessoas estão empregadas, há estabilidade em quase todos os grupos em relação a janeiro. Porém, em comparação com fevereiro do ano passado, a ocupação caiu na indústria (-7,1%) e na construção (-5,9%). Nos serviços domésticos, houve alta de 7,1%.
Por região
O desemprego aumentou em quatro regiões: Salvador (de 9,6% para 10,8%); Belo Horizonte (de 4,1% para 4,9%); Rio de Janeiro (de 3,6% para 4,2%) e Porto Alegre (de 3,8% para 4,7%). Na comparação com o ano passado, o índice subiu nas regiões metropolitanas de Salvador (de 9,0% para 10,8%); Belo Horizonte (de 3,9% para 4,9%) e Porto Alegre (de 3,3% para 4,7%).
FONTE: G1