Produtividade segura alta da renda nos emergentes

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A produtividade nos países em desenvolvimento e emergentes, como o Brasil, ainda é fraca comparada com a de países desenvolvidos, e o fenômeno do “shifting wealth” – o crescente peso desses países na economia mundial – está diminuindo. A constatação é da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em relatório sobre as perspectivas de desenvolvimento mundial. Para o secretário-geral, Ángel Gurría, sem um esforço para melhorar a produtividade, esses países não alcançarão o nível de renda dos ricos antes de várias décadas.

O avanço dos emergentes tem sido forte na economia global e vai continuar. Dez anos atrás, esses países representavam 40%. Agora, China e Índia lideram a mudança de poder econômico e juntos representam quase 25%. A Índia poderá aumentar por sete seu PIB por habitante nas próximas décadas, e a China poderá ter renda per capita similar à dos EUA. No entanto, a recente desaceleração do crescimento nos emergentes diminuiu o ritmo da convergência com os ricos para o grupo como um todo.

Os Briics – Brasil, Rússia, Índia, Indonésia, China e África do Sul -, que somam 60% da fatia dos países em desenvolvimento no PIB global em termos de PPC (paridade de poder de compra), cresciam à taxa média de 6,3% antes da crise financeira global, e 5,3% depois. Agora, a projeção é de PIB médio de 4,7% ao ano até 2020. A China continuará a ter a mais rápida expansão econômica entre esses países.

Com base nas tendências recentes, a OCDE avalia que vários emergentes não estão crescendo o suficiente para alcançar a renda média dos desenvolvidos até 2050. Isso inclui tanto países de renda média baixa, como Índia, Indonésia e Vietnã, quanto vários de renda média alta, como Brasil, Colômbia, México e África do Sul.

“Essas tendências são inquietantes”, diz Gurría. “Crescimento nos emergentes tem sido um fator importante para dar padrões de vida nesses países próximos daqueles de economias avançadas.”

Ao mesmo tempo, China, Cazaquistão e Panamá são países na via de convergência com o nível de renda média dos desenvolvidos até 2050, diz a OCDE. Pelos dados atuais, o nível médio de PIB bruto por pessoa empregada em 2011 era de US$ 86 mil. Mas nos países em desenvolvimento e emergentes ficava em US$ 21,6 mil.

O crescimento da produtividade em vários países de renda média alta foi insuficiente para reduzir a diferença com países desenvolvidos. Só que agora em Brasil, México e Turquia esse “gap” fez mesmo foi aumentar, segundo a OCDE. Já na China, a produtividade do trabalho é considerada “impressionante”, aumentando na indústria e no setor de serviços cerca de 10% no ano.

O nível de produtividade global do trabalho é superior ao de produtividade na indústria manufatureira em Brasil, México e Rússia, já que os setores de agricultura e recursos naturais são relativamente mais produtivos nesses países.

O relatório mostra que fabricantes na China com produtividade de trabalho semelhante à de fabricantes no Brasil ou na Bulgária conseguem utilizar o capital mais eficazmente para fabricar seus produtos que seus colegas nesses dois países.

Segundo a OCDE, a China e algumas economias emergentes aumentaram sua eficiência energética na indústria. Na China, a intensidade energética baixou 57% entre 2000 e 2007, enquanto continuou a aumentar no Brasil, na Indonésia e em Marrocos.

Em análise sobre o Brasil, o relatório destaca que a produtividade caiu na manufatura na última década e estagnou no setor de serviços. Essa situação, somada a maiores salários, resultou em perda de competitividade na economia.

A OCDE aponta o alto custo do peso da burocracia, dos impostos e do comércio internacional no país. Exemplifica que quase 70% dos lucros comerciais vão para pagamento de impostos. É a maior taxa nos emergentes e mais alta do que em desenvolvidos como Alemanha e EUA, onde a taxa fica abaixo de 50%.

A entidade vê chances altas para uma recuperação da competitividade brasileira. Mas alerta que a população brasileira está envelhecendo rapidamente e até 2050 a média de idade será de 44 anos.

A OCDE estima que os emergentes podem melhorar a produtividade diversificando para atividades de maior valor agregado, investindo mais em inovação, e dinamizando os mercados do trabalho e de produtos.

// Fonte: Força Sindical