As economias emergentes e em desenvolvimento precisarão criar 200 milhões de empregos nos próximos cinco anos para absorver o aumento da população em idade de trabalhar, num desafio adicional para países que vem crescendo pouco, como é o caso do Brasil.
A projeção é da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em novo relatório sobre o emprego no mundo. Alem da criação de novas vagas, é preciso levar em conta que há 200 milhões de desempregados no mundo hoje. Desde o começo da crise global, 30,6 milhões de pessoas perderam seu trabalho.
A OIT constata que a desaceleração economica já afeta o ritmo do emprego nos emergentes, incluindo o Brasil. Mas não vê impacto catastrófico e avalia que a gradual recuperação das economias desenvolvidas ajudará os emergentes a continuar criando empregos.
Para a entidade, continua o movimento de convergência economica entre países emergentes e ricos. Entre 1980 e 2011, a renda per capita nos emergentes cresce 3,3% por ano em média, comparado a 1,8% nos países ricos.
Assim, a classe média seguirá crescendo nos emergentes, ainda que em ritmo menor. A OIT prevê a incorporação de 235 milhões nessa categoria entre 2014-2018.
Isso sugere contínua melhora no padrão de vida e perspectivas favoráveis para aumento do consumo e maior demanda doméstica. No entanto, a entidade alerta que isso também indica um cenário misto em termos de emprego.
Para a OIT, o desafio não é só criar novos empregos, e sim trabalho. Cerca de 1,5 bilhão de trabalhadores no mundo em desenvolvimento, mais da metade da força de trabalho, têm “emprego vulnerável”, mal pago, sem nenhuma proteção social e com baixa produtividade. Desses, 839 milhões ganham menos de US$ 2/dia.
A penúria de emprego de qualidade é um fator determinante de emigração, sobretudo entre jovens formados de países em desenvolvimento. Como a projeção é de que nos próximos cinco anos 90% dos empregos serão criados nos emergentes ou países em desenvolvimento, a migração Sul-Sul, entre países em desenvolvimento, deverá se acelerar. A diferença de salário entre país de origem e país de acolhida é geralmente de 1 a 10.
Também deve crescer o número de europeus que emigram para os emergentes. Em 2013 mais de 230 milhões de pessoas viviam fora de seus países de origem, numa alta de 57 milhões desde 2000.
Para enfrentar o desafio, a OIT indica estimular a diversificação das capacidades de produção, ao invés de um país se contentar apenas com liberalização de seu comércio exterior. E diz que uma nova abordagem do papel do poder público, com intervenções seletivas, por exemplo na política industrial, pode ajudar bastante.
Além disso, sugere que os governos reforcem as instituições do mercado de trabalho, ao invés de negligenciar normas do trabalho. E, terceiro, insiste na importância de criação de proteção social como motor de inclusão.
Fonte: Força Sindical