Cerca de 70% dos idosos voltam à ativa como autônomos

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O aposentado recebe um valor mensal do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que oscila entre o piso de R$ 724, equivalente a um salário-mínimo, e o teto previdenciário, de R$ 4.390,24. Porém, cerca de 25% deles, em todo o País, precisam voltar ao mercado de trabalho para complementar sua renda.

Segundo levantamento do Instituto Somatório Consultoria de Inteligência de Mercado, esse número representa, em média, 3,5 milhões de aposentados ativos. Considerando os que têm mais de 60 anos, 70% voltam a atuar como autônomos.

Conforme explica o diretor do Somatório, Marcello Guerra, a atividade autônoma acaba sendo a opção que o aposentado encontra para gerar renda. “Este percentual reflete o tipo de oportunidade que é apresentada ao indivíduo aposentado. Temos uma maior incidência neste tipo de ocupação, ainda que haja uma disposição dos empregadores em contratar essas pessoas (por exemplo, como office old, que tem funções de pagar contas em bancos), a maioria acaba encontrando oportunidade no emprego autônomo.”

Segundo ele, a escolaridade está diretamente relacionada com o cargo que o aposentado vai ocupar depois de voltar ao mercado. “O benefício da aposentadoria é significativo para a manutenção das famílias, especialmente nas classes C e D. Quando o aposentado volta a trabalhar é mais importante ainda porque ele consegue uma renda a mais. O problema é que tudo está relacionado ao grau de instrução, que vai determinar que ele tenha um emprego assalariado de menor qualificação ou de autônomo”, declara.

Segundo a pesquisa, 24% dos idosos têm o Nível Médio de escolaridade, sendo, deste total, que 31% são homens e, 21%, mulheres.

GRANDE ABC – Segundo dados da Associação de Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, 50% dos aposentados na região continuam trabalhando, sendo 30% com registro em carteira.

De acordo com o assessor da diretoria da associação, Ewander Cezar Moraes, os aposentados que retornam ao mercado podem ser classificados em dois grupos: carteira assinada e autônomos.

“Temos aqueles que se aposentaram por tempo de contribuição, para assegurar renda adicional, até por medo de mudanças nas leis previdenciárias, e continuam trabalhando registrados na mesma função. Eles continuam contribuindo, mirando numa possível ação de desaposentadoria (troca do benefício por outro mais vantajoso ao adicionar pagamentos feitos depois de aposentado) na Justiça. Já aqueles que estão aposentados há algum tempo e, ao verem seu benefício sendo corroído pela inflação, têm de voltar a trabalhar, encontram oportunidade como autônomo ou no setor de comércio e serviços sem registro”, explica.

É o caso do autônomo e aposentado Benildo Henrique, 65 anos. Ele se aposentou como porteiro de uma indústria e recebe aposentadoria de em média R$ 1.200.

“Eu já tinha uma perua antes de me aposentar e, de vez em quando, fazia alguns trabalhos como carreto para ajudar no orçamento. Quando me aposentei, decidi ficar trabalhando só com isso, até porque não consigo parar de trabalhar, me faz mal”, afirma.

Com o emprego, Henrique recebe em média um salário-mínimo por mês. Valor determinante para pagar as contas da casa, onde mora com a mulher e o neto de 9 anos. “Esse dinheiro ajuda muito na hora de pagar contas.”

Fonte: Força Sindical