As perspectivas para o comércio exterior são a principal causa de desencontro entre as avaliações do governo e de analistas de mercado para 2014, que enxergam um “pibinho” de 1,95% no fechamento dos 12 meses.
As divergências foram reveladas ontem com a divulgação pelo Banco Central do primeiro Boletim Focus do ano, com apostas do mercado para os principais indicadores da atividade econômica, como os de inflação, câmbio e produção industrial. A tese sobre o motivo do descolamento das expectativas é de técnicos da equipe econômica. Eles veem nas projeções dos analistas um pessimismo excessivo com a economia internacional e com a capacidade do Brasil de melhorar o desempenho externo.
O Focus projeta superávit de US$ 8 bilhões da balança comercial em 2014, considerado baixo por economistas. A avaliação do governo é que o pessimismo aumentou após o último dia 2, quando foi anunciada, em 2013, a pior balança comercial desde 2000.
Diante da perspectiva de que as exportações irão piorar, os analistas veem um reflexo direto na produção industrial, cujo crescimento deverá ser mais lento do que o que estava sendo previsto há uma semana, passando de 2,23% para 2,20%. Por fim, pioraram também as perspectivas para o PIB, na mesma proporção em que aumentaram as divergências do mercado como Ministro da Fazenda, Guido Mantega. O ministro afirmou, recentemente, que 2014 será uma no melhor do que o que passou. A previsão dos economistas, entretanto, é de perda de ritmo da atividade econômica de 0,33 ponto percentual.
Além do comércio exterior, para o governo, os analistas subestimam os investimentos e o mercado de trabalho. A visão é que os economistas não estão dando o devido crédito aos efeitos das concessões realizadas em 2013, no setor de infraestrutura, e também à capacidade de o consumo das famílias continuar em patamar elevado, diz a fonte.
Os técnicos fazem questão de ressaltar, entretanto, que não é intenção do governo fomentar o que considera “Fla x Flu” (em referência às torcidas dos times de futebol Flamengo e Fluminense) entre as projeções oficiais e as apostas do mercado. O argumento é que previsões discordantes são naturais e espelham os diferentes modelos econométricos e hipóteses adotados. Segundo a fonte, cada instituição, pública ou privada, tem seus próprios métodos e critérios de avaliação da atividade econômica.
André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimento, consultado para o Boletim Focus, concorda com a avaliação da equipe econômica de que há um peso excessivo dos analistas em suas projeções. Mas ressalta, ao mesmo tempo, que o ministro Mantega, tem errado em várias projeções, o que ajuda a piorar as expectativas.
Da mesma forma, o especialista em mercado de trabalho do Ibre/FGV Fernando Barbosa Filho discorda das projeções de analistas e diz que o desemprego ainda se mantém em um patamar baixo, embora o rendimento real esteja em queda.
Fonte: Força Sindical