O trabalho mata

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Estudos começam a levar a sério a relação entre uma vida estressante e o risco maior de doenças fatais

Vários estudos têm apontado para a associação entre estresse psicológico e o risco de desenvolver doenças graves cardiovasculares e diabetes. Os mecanismos básicos por trás desse fenômeno são atribuídos a um desequilíbrio hormonal que leva a instalação precoce de síndromes metabólicas, alteração das funções do coração e das artérias, e aumento dos riscos de inflamações disseminadas e tendência à coagulação e à obstrução de artérias.

Mais ainda, estudos científicos correlacionaram o estresse crônico com piora de fatores que claramente influenciam a saúde dos indivíduos. 

Pessoas com estresse tendem a ser sedentárias, a aumentar o consumo de bebidas alcoólicas e demonstram pior aderência a recomendações de vida saudável, de prevenção e detecção precoce de doenças. Apesar desses dados científicos, raras são as diretrizes de autoridades em saúde pública que estabelecem prioridades no controle e na redução do estresse. 

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Um estudo recentemente publicado na prestigiosa revista médica Lancet avaliou dados de 102.633 indivíduos europeus, para determinar a associação entre estresse no trabalho e mortalidade, levando em consideração os fatores que também influenciam a mortalidade por doenças cardiovasculares e diabetes, como obesidade, hipertensão, colesterol, tabagismo, sedentarismo e consumo de álcool.

Independentemente desses fatores de risco, os cientistas observaram um aumento substancial, de 68%, no risco de morrer no grupo de indivíduos com estresse elevado no trabalho.

Interessante notar que o estudo mostrou que o impacto do estresse no trabalho foi quase equivalente à mortalidade associada com tabagismo, e muito maior que o impacto de hipertensão, colesterol elevado no sangue, obesidade, sedentarismo e consumo de álcool. 

Os pesquisadores analisaram as pessoas com doenças cardiovasculares e diabetes que controlaram de forma adequada seus parâmetros de saúde, como pressão, colesterol, açúcar no sangue, atividade física e peso.

Mesmo nesse grupo que “se cuidava” muito bem o estresse no trabalho representou um excesso de risco de morte entre 60% e 100% maior, quando comparado com o grupo de pessoas que trabalham com níveis de estresse reduzidos. 

É curioso notar que a mortalidade entre os homens incluídos no estudo foi muito mais afetada pelo estresse no trabalho do que entre as mulheres. Nestas, o aumento das taxas de morte atingiu somente 22% com o estresse crônico.

Também notaram que, mesmo em pessoas “saudáveis”, o estresse aumenta a mortalidade, mas o impacto é pequeno, e considerado marginal, tanto em homens quanto em mulheres. 

O professor M. Kivimaki, líder da equipe de cientistas que desenvolveram esse estudo, alerta que, em pessoas com doenças cardiovasculares já estabelecidas, a contribuição do estresse no trabalho sobre o risco de morte foi clinicamente significativa e independente dos outros fatores de risco e de seu tratamento adequado e do estilo de vida de cada indivíduo. 

As recomendações atuais das autoridades de saúde têm baixa probabilidade de influenciar esse risco. Sugerem revisão das diretrizes vi

// Fonte: Carta Capital